sábado, 13 de agosto de 2016

Quarto dia – Columbia Icefield a Jasper (110 km)

Para o quarto e último dia da cicloviagem nosso desafio era grande: o maior percurso de todos, 103 km (que acabariam se transformando em 110 km com os desvios para ver cachoeiras) de uma tacada só até Jasper.
O lado bom é que a maior parte do trajeto seria de descidas e retas. Deixaríamos para trás a parte alta das Montanhas Rochosas e voltaríamos, aos poucos,  para as planícies, os vales - e para temperaturas mais “normais”.
E foi exatamente assim que o dia transcorreu!  A manhã começou bem gelada no centro turístico da Geleira Columbia. Vencemos uma pequena subida após sair do hotel,  mas logo em seguida começamos a descer e descer e descer... As descidas se alternavam com longas retas, que só não eram perfeitas porque,  nesse trecho,  o acostamento da estrada é bem ruinzinho, com muitas "costelas de vaca".
Os grandes atrativos desse dia são duas belas cachoeiras: a Sunwapta Falls e a Athabasca Falls.


Cachoeirinha logo no começo do percurso.
Sunwapta Falls, uma das atrações no caminho para Jasper.
Athabasca Falls, a outra grande cachoeira do caminho.
Queda principal das Athabasca Falls.
E foi hoje também que, depois de muita expectativa, finalmente avistamos o tão falado urso!!! Foi assim: vimos alguns carros parados do outro lado da estrada, inclusive duas viaturas da guarda florestal, todos olhando para o NOSSO lado. Percebemos, então, que havia alguma coisa acontecendo perto da gente. Por precaução, atravessamos a estrada. Logo avistamos o urso no local onde estávamos antes. Era um urso preto que comia calmamente suas frutinhas, sem dar a menor bola para a gente. Dois rapazes pararam o carro perto dele, desceram e tentaram tirar foto mais próximo, mas levaram um esporro de uma das guardas florestais e tiveram que voltar. O máximo que conseguimos foi esta fotinho abaixo...

Finalmente o ursinho!
Embora a altimetria fosse tranquila hoje, os últimos 30 km foram duros, porque acabou nossa água e pegamos um vento contrário forte e insistente. A chegada a Jasper foi, portanto, uma grande alegria: finalmente podíamos descansar... e havíamos cumprido a meta de pedalar mais de 300 km em quatro dias, enfrentando o frio e a altitude das Montanhas Rochosas!

Jasper: fim da jornada! 
Totem no centro de Jasper.
No dia seguinte, devolvemos as bicicletas em uma bike shop que é parceira daquela na qual tínhamos alugado, em Banff. Depois aproveitamos o dia para conhecer a linda cidadezinha de Jasper e, à tarde, fizemos um tour guiado pelo Maligne Lake. Demos sorte, pois encontramos um veado e quatro alces.
E assim terminou mais uma cicloviagem! Foi puxada, mas valeu a pena.  Espero que tenham gostado do relato e até a próxima!

Maligne Lake, o maior lago da região.


Cidadezinha de Jasper.

Hotel onde ficamos.

Medicine Lake, nos arredores de Jasper.

O macho alfa dos alces!

Há um alce entre nós...

Até o veadinho apareceu também...


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Terceiro dia – Albergue de Rampart Creek a Columbia Icefield (40 km)

Apesar da quilometragem bem menor que a dos outros dias, o percurso de hoje foi o mais duro até agora. Além do cansaço acumulado, tivemos praticamente só subidas – e foram as mais puxadas de toda a viagem. Afinal, hoje alcançamos o Sunwapta Pass, a 2035 metros, uma passagem de montanha que separa o Parque Nacional Banff do Parque Nacional Jasper.
Para completar a dureza do percurso, choveu forte durante boa parte do dia. E ainda teve mais: o bagageiro da bike do Edu quebrou logo no começo da subida. Ficamos parados no acostamento, sob um vento de gelar os ossos, durante quase uma hora, enquanto ele tentava arrumar o bagageiro. No fim, ele aplicou o “jeitinho” brasileiro e conseguiu unir as peças que haviam se soltado usando raios entortados.

Jeitinho brasileiro para arrumar o bagageiro quebrado.

Muitas subidas fortes debaixo de chuva.

Hoje foi o dia de vencer as montanhas mais altas.

Quanto às paisagens, nesse trecho saem de cena os lagos azuis e surgem muitos rios e cachoeiras – e geleiras também, é claro.
Umas duas e meia da tarde chegamos no hotel, que ficava dentro do próprio complexo turístico da Geleira Columbia. Depois de dois dias sem ver chuveiro, tomamos aquele merecido banho quente!
Hoje foi dia de rios...
...cachoeiras...
...e geleiras!


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Segundo dia - Lake Louise ao albergue de Rampart Creek (95 km)

Hoje penetramos no coração das Montanhas Rochosas. A área mais remota e desabitada, cortada pela icônica Icefields Highway, considerada uma das estradas mais bonitas do mundo.
Desde que começamos a planejar esta cicloviagem, o dia de hoje era o que mais nos preocupava. Em primeiro lugar pelo trajeto em si: seriam mais de 90 km de pedal, metade deles subindo. E ainda havia a questão da hospedagem... Nessa região erma, só há duas opções de hospedagem: ou hotéis caríssimos, ou “albergues selvagens” (wilderness hostels), que são baratos, mas não oferecem muita coisa. Na verdade, não oferecem praticamente nada, nem sequer água encanada. É isto mesmo: não há chuveiro, descarga nem torneiras. Mesmo assim, devido às nossas restrições orçamentárias, decidimos  passar pelo menos uma noite em um desses albergues.  E o escolhido foi o HI-Rampart Creek, a 95 km de Lake Louise.
Bem, começamos o dia tomando um café da manhã reforçado no hotel de Lake Louise.  As horas da manhã foram gastas em uma longa subida de 40 e poucos quilômetros. Mas os visuais no caminho mais uma vez compensavam todo o esforço.
Para começar bem o dia, uma vista do Herbert Lake.
E não se deixem enganar pelo sol: está um frio de rachar.

No meio da subida, pausa para foto na Geleira Crowfoot. 
A grande atração é mesmo o Bow Lake. Simplesmente espetacular.

Toda noite temos comprado coisas no mercado e feito sanduíches para comer durante o caminho no dia seguinte. Hoje nosso lanche foi à beira do maravilhoso Bow Lake. De lá subimos mais uns 5 km até o Bow Summit – o ponto mais alto da Icefields Parkway, a 2135 metros de altitude.  É lá também que fica o inacreditável Peyto Lake, uma coisa absurda de tão azul.
Subida pesada e debaixo de chuva para chegar ao Bow Summit, a 2135 metros de altitude. 

Mas vale a pena porque lá fica o Peyto Lake, esta coisa absurdamente azul.
Até então a gente tinha subido durante horas. Mas depois, em compensação, vieram 50 km praticamente só descendo. Lá pelas 5 da tarde, um pouco antes de chegar no albergue, paramos para fazer um lanche no único posto de gasolina da região. Aproveitamos para comprar miojo,  porque no albergue cada um tem que levar e fazer sua comida.
Finalmente chegamos no albergue umas 6 da tarde. Tomei um banho de gato no rio ultragelado, mas o Eduardo não teve coragem... hehe Estou acostumada a entrar em tudo quanto é cachoeira gelada no Brasil, mas esse rio é sem dúvida o mais gelado que eu já entrei. Afinal, suas águas vêm do degelo das montanhas.
Também já fiquei em muitos albergues da juventude, mas este é diferente de todos por não ter água encanada. Para escovar os dentes, cozinhar e lavar a louça,  é preciso pegar água em uma torneira situada na cozinha.  Também é dessa água que bebemos. A energia elétrica é gerada por placas solares e por uma turbina instalada no rio.
Encontro dos rios, pouco antes de chegar no albergue.

O "albergue selvagem" Rampart Creek. 
Havia vários hóspedes no albergue, inclusive uma senhora portuguesa com quem pudemos conversar em nossa língua e um casal de cicloturistas ingleses. A experiência de passar uma noite no "albergue selvagem" foi interessante, mas para nós,  brasileiros,  essa história de ficar sem banho depois de um dia de pedal não dá certo... Ainda bem que nossa próxima hospedagem é um hotel de verdade - com água encanada! 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Primeiro dia - Banff a Lake Louise (60 km + 10 km)

Hoje começou nossa travessia cicloturística de Banff a Jasper, na província de Alberta, no Canadá. Descobrimos esse roteiro fazendo buscas por "top ten cycle routes" do Canadá e coisas assim.  Quando vimos as fotos do Banff National Park, pensamos: tem que ser esta aqui!
Foi complicado planejar a logística, tivemos que alugar bikes, mas valeu a pena: o lugar é inacreditável de tão lindo.
Alugamos as bicicletas ontem, em Banff, e pedalamos algumas horas para testá-las nos arredores da cidade. São duas touring bikes clássicas, bem antigas (especialmente a minha), com pneu aro 700 x 38 mm e relação de speed.

Banff National Park, um dos parques naturais mais incríveis do mundo. 
Para testar as bicicletas, fizemos a volta do Lake Minneuanka, em Banff. 

Hoje colocamos toda a tralha nas bikes e partimos pela Bow Valley Parkway, uma estrada secundária que corre paralela à movimentada Transcanada.
Vermillion Lakes, antes de pegarmos a Bow Valley Parkway. 
Cenários maravilhosos ao longo da estrada.
Foram 60 km de subidas e descidas suaves, com longos trechos planos. No meio do caminho, paramos no Johnston Canyon.

Chegamos umas 3 da tarde em Lake Louise, o destino do dia.  Deixamos os alforjes no hotel e rumamos para conhecer o lago, a grande atração do local. Fica a apenas 4 km do vilarejo. O que ninguém nos falou é que seriam 4 km subindo!  Foi uma dificuldade,  e ainda por cima começou a chover no meio do caminho... Mas quando chegamos lá esquecemos tudo isso.  O Lake Louise é simplesmente deslumbrante.
4 km de subida para chegar ao Lake Louise, mas vale a pena. 
Jantamos no próprio hotel e agora vamos dormir porque amanhã a jornada será longa: 93 km, sendo 40 deles subindo!